Com o tempo a perder-se pelas planícies alentejanas, nada como um passeio que lhe vai despertar os sentidos. O Vale do Guadiana é uma zona ainda em estado muito selvagem, atravessando parte significativa dos concelhos de Mértola e Serpa.
É uma das mais importantes zonas protegidas do país. Com uma extensão de cerca de 70 mil hectares, é o habitat de dezenas de espécies animais, incluindo o raro trevo de quatro-folhas-peludo.
Encarceradas nesta zona protegida estão planícies a perder de vista, mas também alguns dos pontos naturais mais importantes do sul do país, como a queda de água do Pulo do Lobo. Por trilhos ou de carro, o Vale do Guadiana sem dúvida merece uma visita.
A área protegida margina o Guadiana desde a zona do Pulo do Lobo até à foz da ribeira de Vascão. O ponto mais elevado do parque natural (370 m) situa-se nas elevações quartzíticas das serras de Alcaria e São Barão.
A bacia hidrográfica do Guadiana é a mais importante em Portugal para a conservação de peixes de águas interiores, representados por 11 espécies de peixes nativos e residentes, sendo a maior parte endemismos ibéricos. Destacam-se o saramugo (Anaecypris hispanica), da boga-do-guadiana (Pseudochondrostoma willkommii), do barbo-de-cabeça-pequena (Luciobarbus microcephalus) e do caboz-de-água-doce (Salaria fluviatilis), que apenas ocorrem nesta bacia hidrográfica em Portugal.
Este é também um importante local de reprodução ou crescimento para 4 espécies de peixes migradores, nomeadamente a lampreia (Petromyzon marinus) o sável (Alosa alosa), a savelha (A. fallax) e a enguia-europeia (Anguilla anguilla).
O coberto vegetal é dominado por montados de azinho, com presença modesta do sobreiro, extensas áreas de esteval e de culturas de sequeiro, mostrando estarmos em pleno Alentejo.
No domínio da avifauna destacam-se as aves de presa e um importante cortejo de passeriformes (vulgo pássaros). Em Mértola, ocorre a última colónia urbana e uma das mais importantes a nível nacional, de uma espécie bastante rara e ameaçada – o francelho ou peneireiro-das-torres (Falco naumanni).
Situada no alto de um esporão rochoso assinalando o termo de navegabilidade do Guadiana, Mértola domina a envolvente e guarda inúmeros testemunhos de épocas anteriores - árabes, romanos, medievos