Comareira aldeia do Xisto guia completo
Às vezes procuramos um sítio assim. Onde possamos desligar-nos do Mundo e estarmos, apenas, nós. Aceitamos a companhia dos que não nos conhecem e que, simpaticamente, nos deixam entregues a nós próprios. Mas que, num último aceno de cumprimento, como que dizem Se for preciso alguma coisa, estamos por aqui. E basta este pequeno sinal para sentirmos que não estamos sós.
É a mais pequena aldeia da rede. Integra o conjunto das quatro Aldeias do Xisto do concelho de Góis e é abrangida pela dinâmica criada em torno Ecomuseu das Tradições do Xisto. A aldeia é um pequeno conjunto de construções, para habitantes e gado doméstico. Soalheira todo o dia, a Comareira é feita de casas aninhadas umas nas outras, avistando a paisagem que se estende até perder de vista. Os habitantes orgulham-se de dizer que este é um ponto estratégico para os visitantes das Aldeias do Xisto que se interessem pelas praias fluviais desta região ou pelo Parque Florestal da Oitava.
Todas as casas erigidas com blocos de xisto obedeceram a regras de construção de modo a se afirmarem resistentes às intempéries e ao passar do tempo. Dispostas em aglomerados visivelmente concentrados, incluem dois pisos: o piso assobrado, ou primeiro andar, e o rés-do-chão, geralmente térreo, que deveria albergar o gado. Contudo também desta regra surgiu a exceção e construíram-se nas imediações de cada povoação vários grupos de currais, ou cortes. Cada um ou mais destes edifícios eram propriedade da respetiva casa da comunidade, consoante o património e poderio do proprietário, em cabeças de gado. O segundo piso funcionava também como loja, uma área de arrumos onde estariam armazenados os cereais, a talha com o azeite, a salgadeira com a carne de porco, as alfaias agrícolas e onde havia, por vezes, uma pequena adega com pipas e dornas de fazer o vinho.