Roteiro dos Açores concentração de natureza
Os Açores são talvez o destino da Europa quemelhor concentra tantos e diversos cenáriosde uma natureza preservada, intocada, palcospara uma ampla variedade de atividades eexperiências ímpares. Adotando um modeloturístico ambientalmente sustentável, estasilhas tem sabido recusar a massificação,oferecendo ao visitante espaço, tempo,calma e emoção. A pouco mais de duashoras do continente europeu, o arquipélago,beneficiando da personalidade exclusivade cada uma das suas 9 ilhas e do seu mas as ilhas do triângulo (Faial, Pico e São Jorge),durante todo o ano, a partir de pouco mais detrês euros por percurso, apanha-se o barcopara uma ilha vizinha.
Novato ou experiente, qualquer mergu-lhador encontrará sempre nos Açores umnovo local de deslumbre, uma nova sub-mersão desafiante. No total, o Arquipélagoconta com mais de uma centena de spotsassinalados no mapa. Espalhados pelasnove ilhas, estes locais comungam entresi a proibição duma palavra: monotonia.Aqui nada é igual ou já visto. Aqui reina adiversidade no tipo de mergulho, no génerode cenário, no nível de exigência, na varie-dade de espécies. Aqui pratica-se snorke-ling. Explora-se grutas e zonas costeiras.Desce-se a baixas litorais e oceânicas.Visita-se sítios de naufrágio e parquesarqueológicos. E mergulha-se de noite,embora lá em baixo, a escuridão seja umconceito feito de sensações multicoloridase rodopiantes.No imenso grande azul avistam-se atuns,serras, lírios. Meros e jamantas. Tubarões.Moreias e tartarugas. Anchovas, cavalas,albacoras. E estrelas-do-mar, polvos,ouriços, cavacos, abróteas... O catálogo dos mares açorianos atinge as 700 espécies.Peixes e crustáceos que vivem num pedaçocristalino de Atlântico onde a visibilidadepode chegar, em condições ideais, aos 30a 40 metros de profundidade. A vertigemdas profundezas chegaria para aquecer ocoração humano; mas a temperatura daágua, a oscilar entre uns agradáveis 15a 24 graus centígrados, também ajuda.Esta envolvência calorosa e emocional fazcom que o convite a mergulhar no mar dosAçores seja constante. E irresistível
Descobrir os Açores a pé
Os Açores prestam-se a serem caminhados.Atualmente existem mais de sessentatrilhos, sinalizados com marcas e códigosinternacionais, que podem ser realizadosde forma autónoma e em segurança.
Segmentados por três níveis de dificuldade– fácil, médio e difícil – a rede de percursospedestres adequa-se a vários níveis deidade e preparação física. Muitos dostrilhos classificados aproveitam caminhosde pé posto que os habitantes utilizaramao longo dos séculos para deslocaçõesdo dia-a-dia, transporte de mercadoriasou trânsito de gado.
Esta sabedoria dosantigos, no atalhar do território, é hojeaproveitada pelos turistas para conhecerdiferentes ângulos e detalhes dos tesourospaisagísticos do Arquipélago.A temperatura amena do clima açorianopermite explorar a rede de trilhos emqualquer estação do ano.
Tudo dependeda experiência pretendida. Haverá quemprefira saídas mais exploradorase contemplativas, longe do turbilhãoestival; e existirá quem procurea convivência e alegria dos mesesveraneantes.
Talvez seja melhorexperimentar ambos. Caminhar duranteos meses invernios significa encontrarverdes mais luxuriantes, cascatas e ribeirascom maior caudal; andar na primavera e noverão, traz a invasão dos odores e coloridodas flores.
Já a famosa bruma açoriana,essa pode surgir em qualquer altura.E tão depressa chega, concedendo umaaura mística aos contornos vislumbrados,como se levanta para abrir horizontes.Sobre o que se vê e sobre o tanto queainda fica para descobrir
Nos 1053 metros do Pico da Esperançavislumbram-se as restantes ilhas dogrupo central. Porém, ao longo do dorsovulcânico de São Jorge, há perspetivasmais próximas que também fascinam.
Asfajãs, sobressaídas do perfil escarpado dailha, magnetizam o olhar. Estas pequenasplanícies tiveram origem em desabamentosde terras ou em escoadas lávicas. Nalgunscasos apenas existe acesso pedestre.
Ostrilhos são, aliás, uma das melhores formasde conhecer o carácter de São Jorge.Existem caminhos adequados a váriascondições físicas, sendo que trilhos maisexigentes requerem uma boa preparação ouo acompanhamento especializado.Desça-se portanto de encontro àsingularidade das fajãs de São Jorge.Nos Vimes ainda existem artesãs quemanuseiam robustos teares de madeirapara aplicarem as técnicas de ponto altoem colchas e tapetes. O microclima destafajã possibilitou o plantio de cafezeiros,cujos grãos resultam num café de travoadocicado.
Na fajã da Caldeira de SantoCristo respira-se a pureza que faz dalagoa um viveiro de amêijoas carnudas edeliciosas. Quase ao lado, feita irmã gêmea,a fajã dos Cubres serve a visão de mais umaextraordinária laguna. Passear pela fajãde São João é admirar o terreno parceladopara a agricultura de subsistência, as casasde pedra com janelas de três guilhotinas,cascatas e os curiosos cabos de aço paratransporte da lenha até às planíciescosteiras.
No Ouvidor, fajã lávica, aspiscinas naturais sugerem um momentode pausa antes de prosseguir em busca denovo trilho, nova fajã, nova peculiaridade.
Rodeia-se a ilha do Pico sempre de olhosostos no gigantismo da montanha do Pico.Tanta imponência gera respeito.
Mas, aoesmo tempo, suscita a heresia de quereromar a montanha. De querer subir, pelosrprios ps, at ao ponto mais alto dePortugal.
Com gloriosos 2351 metros deltitude, a montanha do Pico representauma experiência singular em territrioortuguês.
Um desafio com início aos 1230etros, na Casa de Apoio Montanha queisponibiliza informação sobre a geologia,iologia, história, clima e enquadramentoa Reserva Natural da Montanha do Pico.percurso tem uma extensão total de600 metros, a serem percorridos em cercae sete horas.
A escalada classificadae moderada a elevada pelo que seconselha o recurso a guias credenciadoscujos contatos são facultados na Casa daMontanha, nos Postos de Turismo ou juntoe operadores turísticos locais, habituadoss condições climatricas e ao caminhocidentado do imponente vulcão.
Quemuplantar as dificuldades alcança o topo doundo, lugar de deslumbres paisagsticosvislumbres ntimos do que somos.Desce-se do cu e entra-se noutro domniouase divino.
A Paisagem da Cultura dainha do Pico, classificada em 2004 comoPatrimnio Mundial da UNESCO, descobre--se através dos trilhos pedestres Vinhas dariação Velha, Caminhos de Santa Luzia ouSantana – Lajido. Percorrer estes caminhoscentenários permite observar “relheiras”sulcos gravados nos campos de lava peloscarros de bois, casas de abrigo, adegas,oços de mar ou rola-pipas.
A Horta uma das principais portos deecreio do mundo. Entre veleiros e mega-iates, a marina recebeu cerca de 1300mbarcações durante 2012. Este contnuoportar de visitantes salpica a cidade deum ambiente cosmopolita e multicultural.onsiderada uma das mais belas baas doundo, a Horta representa em simultâneoum abrigo oportuno, uma casa de amigos,uma porta de entrada para os restantesAçores.
Sobe-se ao Monte da Guia, nonfiamento de Porto Pim, para admirar asilhueta do casario e dos barcos atracadosna marina. Depois desce-se ao Peter Caf Sport, refgio de velejadores, pouso deuristas, lenda viva que acumula histriastradições martimas desde a inauguraçãom 1918.
Na companhia dum gin tnico,elineia-se na carta nutica a rota quelevar descoberta das vizinhas ilhas dotriângulo, antes da romagem a destinosediterrânicos, americanos ou caribenhos.Todavia, a partida martima adia-se. Deerra, o farol dos Capelinhos, mesmosventrado por um vulcão, chama ovisitante atravs dum feixe de luz invisvel.erupção vulcânica que teve incio emetembro de 1957
As condições naturais das Flores tornama ilha num imenso parque apropriado aocanyoning, atividade em que se transpõemobstáculos (dentro e fora de água) ao longodo curso das ribeiras, mediante o recurso adiversas técnicas e equipamentos.
Além davertente do desafio físico, esta modalidadepermite explorar locais mais inacessíveisde espantosa beleza. Mas não se julgue ocanyoning como um exclusivo de mentesradicais; existem vias com desníveis curtos,apropriados para principiantes e parabatismos, que podem ser efetuados emfamília em condições de total segurança.
Depois de ganho o gostoe a confiança, o trajeto ecaudal dos cursos de águadas Flores propõem desafiosmais arrojados, com desníveislongos e grandes verticais.Na Fajãzinha a água é tãoabundante que até pareceafogar a paisagem.Do miradouro avista-se umaparede rochosa coberta devegetação por onde escorremperto de duas dezenas decascatas.
A maior delasatinge os 300 metros.É preciso ver (e contar) paraacreditar na existência de lugares tãodeslumbrantes. É preciso descer à FajãGrande para tomar banho no Poço doBacalhau, uma piscina alimentada por umacascata de 90 metros.
É preciso percorreros trilhos que passam por lagoas ouseguem a linha costeira para compreendero que é uma ilha cristalina, nos tons verdese azuis, nos caprinos selvagens que pastamlivremente na Fajã de Lopo, na nitidez comque se avista o vizinho Corvo. Tão cristalinaque ao olhar para o ilhéu de Monchique,ponto mais ocidental da Europa, quase sejuraria poder ver a América