Esta aldeia é mesmo uma aldeia dizem-nos bom-dia as galinhas nos seus poleiros e as cabras de olhos meigos mas desconfiados; a carroça ainda tem o feno e a horta está mesmo à mão de semear;
o forno comunitário ainda tem o quente aroma do pão acabado de cozer.
Figueira é aldeia em xisto, praticamente plana e de fácil circulação. O seu núcleo central esconde no seu emaranhado de ruelas o forno comunitário. Na sua envolvente terrenos agrícolas povoados de oliveiras dão origem ao
"ouro verde" que já foi a riqueza da aldeia.
O acesso à aldeia coloca-nos numa bifurcação cujos caminhos envolvem o casco antigo do povoado. Este é alongado, com quelhas ora paralelas ora perpendiculares, formando como que um labirinto onde a todo o momento a presença de
múltiplos pormenores da arquitetura tradicional nos transportam para outros tempos. Hortas, quintais, arrumos agrícolas, currais e capoeiras convivem em todo o espaço urbano.
O material de construção predominante é o xisto, embora algumas fachadas dos edifícios estejam rebocadas e pintadas. Existe um padrão construtivo na utilização do xisto que distingue esta das outras Aldeias do Xisto:
muitas ombreiras das portas são irregulares e em alguns muros constatamos um pouco comum assentamento vertical do xisto. Os quintais são delimitados por lajes de xisto espetadas na vertical.
Percorrendo a rua principal da aldeia, inicialmente calcetada em pedra irregular, quer com calçada granítica, quer com calçada calcária grossa, e presentemente asfaltada, por entre ruas intrincadas com um
inegável charme rural, pode ser observado um conjunto de casas de xisto com bastante interesse, ainda bem conservadas e cuja unidade faz perceber o modo de vida comunitário outrora partilhado. Exemplo deste modo de vida é o forno comunitário, a eira, e as "portas" da aldeia que se fechavam de modo a proteger os animais dos
lobos que, pela noite, rondavam a aldeia em busca de alimento. Os largos existentes mantêm-se em terra onde pasta e/ou circula o gado, o mesmo que circula pelas ruas da aldeia em comunhão com os habitantes.
Várias casas ostentam pedras com inscrição de datas - algumas do séc. XIX - muito provavelmente relativas ao ano da construção.
Merecem destaque:
Casa da família BalauÉ o edifício mais notável da aldeia (séc. XIX) que possui no seu interior uma pequena capela particular, onde, no passado, era diariamente celebrada missa. Não visitável.
Forno comunitárioÉ o ex libris da aldeia e parece datar de 1915. Continua a cozer pão vários dias por semana.
FonteÉ um equipamento de meados do séc. XX, constituído por duas partes distintas, uma para uso dos habitantes da aldeia e outra, mais afastada, para uso do gado.
EiraTeve enorme relevância sócio-económica na aldeia, mas actualmente está em desuso.
MoinhosExistem vários ao longo das margens da ribeira, possíveis de visitar.
LagaresExistiam vários, mas já nenhum se encontra em funcionamento, tendo o último encerrado em 2010.