Álvaro aldeia do Xisto na encosta do Rio Zêzere
Esta aldeia, que pertenceu outrora à Ordem de Malta, esconde um notável património religioso que vale a pena descobrir.
Rica em património religioso, a aldeia foi outrora uma importante povoação para as ordens religiosas, nomeadamente a Ordem de Malta, que deixou inúmeros testemunhos da sua presença. A Igreja da Misericórdia exige uma visita, mas para conhecer bem esta Aldeia há que fazer o circuito das Capelas. Nelas encontrará manifestações importantíssimas de arte sacra, desde pinturas a artefactos singulares, como por exemplo uma imagem do Senhor dos Passos, um Sacrário Renascentista ou ainda um Cristo morto com as Santas Mulheres e S. João Evangelista.
A malha urbana desenvolve-se quase linearmente ao longo de três arruamentos principais. Neles as construções são justapostas, maioritariamente de dois pisos, sendo o contínuo de fachadas de um e do outro lado, apenas separado pela largura da rua. Embora seja uma das “aldeias brancas” o material de construção predominante é o xisto. Poucos edifícios ostentam vãos que não sejam em xisto. A esmagadora maioria das fachadas dos edifícios está rebocada e pintada de branco, alguns com molduras dos vãos e limites de fachada pintados com cores garridas. Os antigos muros, nunca rebocados, evidenciam a técnica construtiva.
Merecem ainda destaque:
- Igreja Matriz de São Tiago Maior
- Pontes em Xisto sobre a Ribeira de Alvelos
- Alminhas
- Pelourinho (desaparecido)
Provavelmente do séc. XVI. O único fragmento que restava do pelourinho, encontrava-se na Capela de Santo António. Um fuste cilíndrico da coluna, em cantaria de granito, mas sem remate - o que não permitiu a sua classificação tipológica.
- Fonte de baixo
Fonte de mergulho, toda em xisto e com reboco antigo, provavelmente do séc. XVI. Actualmente em estado de abandono.
- Edifícios particulares do séc. XIX
Entre os vários edifícios do séc. XIX ainda existentes, referem-se apenas os que apresentam elementos de datação:
- à entrada da aldeia, uma casa exibe gravadas na padieira as inscrições "Barbeiro" e a data 1838;
- na Rua do Castelo, uma casa exibe, sobre o óculo, uma pedra gravada com a data 1886.
- Edifícios particulares do primeiro quartel do séc. XX
Do início do séc. XX ainda subsistem vários edifícios, que testemunham um período de crescimento da povoação. Na Rua do Castelo encontramos três edifícios residenciais:
- um datado de 1903;
- outro datado de 1912 (M.B.H.P. / 1.9.1.2);
- e outro datado de 1916 (J. A. / 5.6.916).
- Edifício da Junta de Freguesia
Implantado no local dos antigos Paços de Concelho, de quando Álvaro foi vila. Esse edifício foi demolido e no seu lugar construída a Escola Primária, que aí funcionou até à abertura do novo edifício, no tempo do Estado Novo - altura em que foi reconvertido passando a albergar a sede da Junta de Freguesia.
- Antiga Escola Primária
Edifício construído na época do Estado Novo ao abrigo e segundo o modelo regional estabelecido pelo denominado “Plano das Construções”, em parceria com a Câmara Municipal de Oleiros. Recebeu obras de requalificação em 1973. Actualmente encontra-se em estado de abandono. Localiza-se no extremo poente da aldeia, no local denominado Chão do Paço.
- Edifício da antiga padaria
José Rosa e esposa - antigos habitantes de Álvaro e importantes beneméritos da Santa Casa da Misericórdia - adquiriram o edifício a um antigo padeiro da aldeia. Ainda alugaram o estabelecimento a outro padeiro, mas este também abandonou a actividade. José Rosa ofereceu, então, o edifício à Santa Casa da Misericórdia de Álvaro. O edifício mantém-se interior e exteriormente como um elemento de arqueologia industrial na povoação.
- Capela de Santo António
Localizada no extremo poente da aldeia, data do séc. XVII. É um templo de planta quadrada, alpendrado, com contraforte do lado norte que tem no topo um sineirita. Portal em xisto, com arco de volta perfeita assente em dois saiméis trabalhados com linhas rectilíneas.
O interior é de uma única nave rematada em cúpula, que foi sujeito a reformas sucessivas. Pia de água benta protegida por tampa em talha dourada. Retábulo simples, quase naif, representando várias fiadas de anjinhos, encima as colunas e delimita os espaços. Possui três quadros a óleo sobre tela, provavelmente do séc. XVII (Sagrado Coração de Jesus; Sagrado Coração de Maria; Virgem Maria) e uma imagem de Stº António com o Menino.